As letras expressam os sentimentos da alma
Enfim, Juntos
Autor: Bruno Borges Silva
Coautora: Paula Gibbert
- Olhava para sua casa todos os dias. Você nunca me viu. Nunca prestou atenção a um minuto sequer da minha vida. Não conhece minha história de amor por você. Não era para ser assim, mas você não me deu outra opção. Eu te amo, eu te amo, EU TE AMO! - gritei a plenos pulmões.
- Se eu pudesse te soltar, eu te soltaria, mas, tenho certeza de que fugiria. Vou tirar essa mordaça de você, mas se gritar, serei obrigado a amordaçá-la de novo e eu não quero isso. Quero que você esteja bem durante todo o processo.
Assim que tirei a mordaça, ela começou a gritar:
- Não. Por favor, não! Solte-me desta cadeira! Deixe-me ir para minha casa.
Enquanto ela implorava que eu a soltasse, meu rosto ficou a poucos centímetros do dela e ela cuspiu com raiva nos meus olhos. Assim que percebeu que isso me deixou mais nervoso, desculpou-se. Depois, perguntou:
- Por que você está fazendo isso comigo?
- Alice, eu deixei opções para você, mas nenhuma delas você seguiu. Preferiu a mais difícil. - eu disse e a amordacei novamente. Acariciei-a no rosto, nos cabelos, descendo pelo pescoço, passando pela barriga até alcançar as coxas.
- Que pele macia! E que cabelos lindos! Ruivos, compridos, sedosos...– digo encarando-a docemente.
- Você será linda apenas para mim.
Dizendo isso vou à cozinha e volto com uma tesoura e outros apetrechos dos quais precisaria para realizar a sua purificação. Puxo sua cabeça para trás e corto mechas e mais mechas dos cabelos perfumados dela.
PURIFICAÇÃO. Eu só pensava nisso.
- Você é linda, meu amor. E esse corte nos cabelos é o começo da tua purificação. - eu disse e percebi que a mordaça escorregou um pouco e ela aproveitou para me xingar novamente:
- Você é um monstro! Um desiquilibrado!
- Pensa que vai sair daqui, minha querida? Não. Eu vou te purificar. – retruquei.
Soltei a tesoura, amordacei-a ainda mais forte e peguei a faca que já havia deixado perto de mim. Encostei-a na garganta dela e vi algumas gotas de sangue mancharem a blusa branca que usava. Ela ficou lívida, imóvel.
- Calma. Não precisa ficar assustada. Não, ainda. Não será tão rápido. A purificação é um processo lento.
Ela chorava, tentava gritar; porém a música que eu havia colocado no ambiente impediria que alguém escutasse seus apelos.
- Vai ficar tudo bem. Nós nos encontraremos em breve.
Cheguei mais perto e cortei suas roupas, deixando-a seminua. Apertei mais as cordas que prendiam suas pernas à cadeira. E continuei o meu discurso:
- Quando estávamos na sétima série, você brincava com meus sentimentos – eu disse enquanto passava uma faca da virilha até o joelho deixando um rastro de sangue na sua pele clara.
- Você me chamava de macaco. Dizia que eu era feio e que ninguém iria me amar. Depois ria dizendo que estava só brincando; entretanto depois repetia novamente a mesma coisa: MACACO, MACACO". Dizia que até um macaco era mais inteligente que eu.
- Você acha que eu esqueci?! Nunca! Isso fica marcado no coração de qualquer pessoa. Ainda mais de um cara apaixonado como eu sou por você desde sempre. Por todos esses pecados, você precisa se purificar. E eu vou te ajudar.
Lágrimas vertiam de seus lindos olhos cor de mel ao perceber o que estava por vir. Comecei a espalhar sal sobre as feridas abertas com a faca. Ela tremia sentindo o ardor na carne viva.
- Você me empurrava, me batia e espalhava boatos sobre mim de coisas que nunca aconteceram.
Levantei-me, rodeei a cadeira ficando atrás dela e segurando forte a nuca de Alice contra minha barriga, peguei na minha lateral o molho de pimenta e, acima dos olhos, deixei um rastro desse produto em linha reta na horizontal de modo que o molho escorresse nos seus olhos.
- Se eu fosse você, não abriria os olhos por um bom tempo.
Dizendo isso, soltei a sua cabeça, apertei uma faca em seu peito. A ponta estava quase perfurando seu tórax na altura do coração.
- Faço isto por amor, porque você não quer ficar comigo. Precisa se purificar dos seus pecados, precisa estar limpa de todo mal para que possamos estar do outro lado. Juntos para sempre. Você está quase limpa, não é glorioso? Falta apenas a purificação do último pecado. Lembra quando estávamos no primeiro ano e você me convidou para ir a sua casa fazermos algo juntos? E lá, você começou a me tocar, beijar e tirar minhas roupas e quando eu, finalmente, estava nu, você riu de mim e o Diego saiu detrás do armário? Pois é... esse é o teu pior pecado.
Naquele momento, pego o machado que deixei escorado na porta -a câmera filmando tudo – e enxuguei as lágrimas que começavam a rolar pelo meu rosto.
- Mas agora vai ser diferente, eu sinto. Por isso, estamos aqui! Sei que me ama e não fez por mal. Meu amor, esse é o momento final da purificação.
E levando o machado para o alto da minha cabeça, desço-o com tamanha velocidade que decapita a cabeça de Alice. Agacho-me, imediatamente, pego a faca, cortando minha garganta e caio ao lado do corpo de minha amada.
- Eu te amo- ainda consegui sussurrar, mesmo sabendo que Alice já não podia mais me ouvir.